27cc de mau humor bidestilado intravenoso

terça-feira, 31 de março de 2009

Et Poetera

:::Poesia Límbica 0001:::

Espírito, onde foi parar?
Consciência, se pudesse me ver
Já tô careca de saber
Cansei de tentar ser cabeça
Transpira no meu semblante
Que eu ando torcendo o nariz
Pro que tenho escutado
Vejo o mundo abismado, pasmo, boquiaberto
Com um daemon sempre ao largo
Sussurrando pela nuca
Sinto a glote conscrita
Travando a palavra proscrita
Prescrevendo bom humor
Esqueço o que torno no peito
Encho o pulmão de torpor (esquerdo ou direito)
Fumo e trago meus defeitos
Pro que me queima não se espalhar
A palha do fogo fumega
A sulfúrica azia nega e diz que devo dizer amigo
À merda que quero isso!
Não quero lidar contigo
É esse humor intestino
que hoje semeio no jisso
Desço à vala, escrevo spleen
Se meu fígado é pra mim
Bebo grito choro falo
E de falo intumescido
Convencido de virtudes
Sei que nele há saúde
Se o reto me apodrece
O mesmo se dá onde piso
De tendões de Pelida cortados
Gana de baixo pra cima

segunda-feira, 16 de março de 2009

Et Coetera

:::ET ALII:::

Desbravo sentado devaneios alheios. Citações sem fundamento me opilam o fígado enquanto pestanejo pesaroso, sentado na minha empáfia semântica tal qual um doutor que diagnostica o vazio de um plasma sem hemácias. Cansado do cancro infeccioso das citações, percebo que ninguém mais sabe falar por si, ou escrever de dentro pra fora. Na neurolinguística virtual, o SNC de Gaia cuja Mnemosine se chama Google, os abjetos metidos a literatos entoam orações alheias para falar de si, porém sem o tesão dos aedos ou a circunstância dos bardos. Sim, pois os antigos cantavam SOBRE, COM e PARA os deuses, e hoje o samba do afrobrasileiro degringolou de tal forma que os sentidos se confundem de citação em citação. Desejo espontaneidade. Anseio por surpresa. Torço pra que, um belo dia, eu volte a ler algo realmente vomitado no chão do bar, e não na lápide de algum sociólogo. Espero que o mundo virtual, a Babel de Morín, se torne mais do que um compêndio de conteúdos programáticos mal interpretados, desejo intumescido que varíolas e infecções afins se apossem de todos os emails motivacionais com florzinhas, gatinhos e cafonas pôr-de-sóis que erroneamente atribuem respostas rasas de Seicho-No-Ie a Chaplin, que alguém acorde e perceba que Einstein jamais foi filósofo ou supervisor de RH.

Percebam, incautos leitores, que tomar como suas palavras de Ghandi, Rousseau, Napoleão ou Elza Soares não faz de ninguém mais intelectualmente respeitável ou passível de admiração. Citar Drummond, Kierkegaard ou Piaget não dá asas à cobra. Paulo Coelho, Bob Marley ou Vinícius, não interessa. Eles não viveram a SUA vida pra transcrever os SEUS processos, suas agruras ou suas impressões vazias. Para escrever sobre si, pense sobre si. Reflita sobre si. Atinja o objetivo comunicacional por si. Conclua, reinicie, repense, conteste. Pior que plágio intelectual, só plágio sentimental.

Sic et simpliciter.

domingo, 8 de março de 2009

Gênesis 2, 3

Hoje é dia de descanso. EU SEI, eu esqueci a resenha de sábado. Mas também num vou fazer hoje não. Deixa pra semana que vem.

Hoje é dia de descanso.

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